Há uma tribo, doze flores, doze mulheres sonhando, testando perfumes. Dizem que padecemos de um afeto exa-ge-ra-do. Concordo e aprovo. No fim das contas, fico com as lembranças dos excessos, no lugar das faltas. Perdoo as ausências, os abandonos, as palavras ruins que doem como joelho esfolado. Depois vem o silêncio, a casca e o desejo que ela caia rapidamente. Não cultivo cicatrizes, embora tenha algumas gloriosas, mas não guardo medalhas pelo sofrimento.
No fim das contas, sobram as risadas, o olhar no momento de dar à luz e fazer café. No fim, restam receitas de bolo e nenhuma migalha, telefonemas no lugar da briga, festa em vez da desistência. Há sempre doze flores e doze vidas se entrecruzando na história, mulheres vivem em bandos, como os lobos e os pássaros. Se você ouvir algazarras e cantos alegres, lá estarão as mulheres. Se ouvir segredos, como se os membros de uma seita confabulassem, lá estarão as mulheres.
Já as faltas a gente cura, as falhas a gente preenche. Existem amizades eternas como as estrelas, mesmo em suas quedas. Tenho amigas com quem esfolei os joelhos e soprei a pele, a dor o vento leva. Fica o afeto, a xícara de louça branca, a hora do chá.Foto: Alice tomando chá/ Stephanie Jager
(do painel de Dora Prado/ via facebook)
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