Sou brasileira, mineira, belo-horizontina e amo minha terra!

Sou jornalista, escritora, cantora, atriz, poeta, artesã, filha, mãe, mulher.

Acredito na capacidade do ser humano em ser feliz: hoje. Acredito em Deus e no amor. Acredito no sonho, na ação e no sucesso.

Acredito em Maria e Madalena.

Acredito na luz do Espírito Santo, na esperança e na perseverança.

Acredito no indivíduo e sua capacidade de se aperfeiçoar

Acredito na arte e na transmutação, na alma e no coração, na paz e no perdão.

Acredito no condor, no beija-flor e no arco-iris...na força do fogo, do sol, da lua e dos ventos, da água e da terra, dos lobos, das águias...e muito mais!

Acredito na luz do sagrado feminino, na teia abençoada dos círculos de mulheres, das que foram às que virão. Na inspiração do encontro que cria, cura, fia e confia.

O FEMININO EM MIM surge para partilhar esse meu olhar feminino que ACREDITA!

Grata pela sua presença especial.

Márcia Francisco

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

ESTÃO SE ADIANTANDO

Eles estão se adiantando, os meus amigos.
Sei que é útil a morte alheia
para quem constrói seu fim.
Mas eles estão indo, apressados,
deixando filhos,obras,amores inacabados
e revoluções por terminar.


Não era isto o combinado.
Alguns se despedem heróicos
outros serenos. Alguns se rebelam
O bom seria partir pleno.

O que faço? Ainda agora
um apressou seu desenlace
Sigo sem pressa. A morte
exige trabalho, trabalho lento
como quem nasce.

Affonso Romano de Sant'Anna
(por ocasião da morte de Bartolomeu Campos de Queirós)








sábado, 16 de fevereiro de 2013

NOS LABIRINTOS DO CONHECIMENTO


Quando a tarde veio, dormi um pouco. Ao levantar-me, imersa em reflexões, telefonei à minha irmã, comentei com ela, acerca de  aspectos de estudos e interesse nas histórias sagradas e suas entrelinhas, leituras de publicações contemporâneas que abordam histórias de Jesus, Maria, Maria Madalena. Mencionei roteiros sacros interessantes, muito buscados atualmente. E, alguns que têm à frente pessoas comprometidas com a reverência a estes nossos antecedentes que guardaram sabedorias que um dia seriam consideradas milenares, ou que se perderiam no tempo, nas inquisições, nas proibições dos homens e suas interpretações diversas da história crística. Falei de roteiros que contemplam visitas a caminhos, templos, cavernas, capelas, monumentos, lápides, recantos e espaços plenos em significado, força, bênçãos, guardadores de revelações aos porta-vozes irmãos no tempo, para trazer à tona ou inspirar reverência e respeito, como por exemplo, um dos que muito espero conhecer, o Labirinto de Chartres, na França, cujas pétalas e significado têm mudado e fortalecido minha maneira de rezar o  Pai Nosso. Labirinto que tatuei no peito, com freqüência mencionado por mim, desde que dele tomei conhecimento, através dos livros da estudiosa Kathleen McGowan (a quem muito admiro), a mim tão bem recomendados, há  algum tempo, por outra buscadora, a  amiga Heloísa Monteiro.

Diante das inúmeras especulações em torno de muitos destes lugares, histórias que se prendem a detalhes sem importância sagrada, que muitas vezes são as que tomam lugar à mídia com sensacionalismo e espetáculo, sendo em seguida, deixadas de lado e esquecidos pela maioria, continuei minha conversa fraterna, tratando um pouco da riqueza que envolve as mulheres bíblicas que amaram a Deus, assim diria, quase parafraseando o título do livro de Elizabeth George, para designar mulheres de fé e verdades espirituais próprias, que nos denotam emoção e  inspiração através de lições práticas de suas vidas, em que, enfrentando desafios de vida, foram levadas às escolhas próprias e talvez, pela fé e intuição que as cercaram, as escolhas certas. Ao lado destas, os discípulos de Jesus -  o que para mim, vale lembrar,  indubitavelmente inclui Maria Madalena – companheiros, seguidores, respeitáveis, respeitados, responsáveis seres em comunhão com idéias, ideais e conhecimentos do Cristo, num patamar trino,  com estas duas vertentes outra mulher sábia se destaca, inigualável, pela característica adicional - mãe, tão incondicionalmente exercida, em caráter eterno de invocações em torno do mundo, muito além do seu tempo, Maria. 

No decorrer da conversa, nas múltiplas e quase sempre prolixas (como de costume!), falas com minha interlocutora, ouvi a indagação: “mas você está indo contra o Evangelho?” No silêncio interno que me tomou nos últimos dois dias, quase um retiro (in)voluntário (“in” de propriamente interno mesmo), para que eu pudesse contatar em mim, algo (pretensamente ou não) mais genuíno que o automático e frenético expressar dos dias corridos, com suas manifestações do ego, vaidosas, insensatas, pouco delicadas ou insensíveis, por vezes, fiz um momentâneo silêncio e respondi: “Não. Trata-se exatamente do contrário”. Pouco, depois ao desligar, fortaleci, interiormente a continuação da resposta: compreender o valioso conteúdo deste texto (também), sem no entanto, me furtar a crer no sem número de informações complementares que se perderam através dos tempos, documentos tais, ou sabedorias igualmente milenares passíveis de respeito, consciência e reverência, na intenção reta de nos ajudar no aperfeiçoamento do ser, na compreensão e no resgate do sagrado feminino, tolhido ou mutilado, esquecido ou trancafiado atrás de seculares muralhas reais ou não, em santuários de conhecimento e poder ou nos mais simples casebres e cabanas, do mundo inteiro, na espera da ressurreição em benefício da vida integral.

Neste breve relato ou manifesto, expresso minha gratidão aos incansáveis buscadores de consciência, em sonho ou verdade, antropólogos de alma, homens e mulheres, estudiosos à sós ou em grupo, que doam suas vidas à compreensão e ao contato com a sabedoria divina. Sabedoria que, unindo, alma e coração, ultrapassa limites da fragilidade do corpo e da humana designação de fronteiras entre os povos para quem sabe, imprimir na própria história e na do universo, um contato de refinada grandeza, que alcança o espírito. Santo em profundidade. Além de todos nós. Que assim seja. Pois, no humano, ninguém possui o conhecimento em totalidade.
(Márcia Francisco)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

"VEM, SENTAR-TE COMIGO LÍDIA..."



"Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
        (Enlacemos as mãos.) 
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
        Mais longe que os deuses. 
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
        E sem desassosegos grandes. 
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
        E sempre iria ter ao mar. 
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quise'ssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
        Ouvindo correr o rio e vendo-o. 
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
        Pagãos inocentes da decadência. 
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
        Nem fomos mais do que crianças. 
E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
        Pagã triste e com flores no regaço."

(FERNANDO PESSOA - Ricardo Reis)

ALL WE NEED IS LOVE!


"ALL WE NEED IS LOVE"

Para curtir: Beatles - "all we need is love"

RICARDO REIS, FERNANDO PESSOA!



"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam. "

(FERNANDO PESSOA -  Ricardo Reis, 1-7-1916)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

LA VIRGEN CHINQUINQUIRÁ

(foto: Márcia Francisco, do relicário e rosário mencionados no texto)

 
Num tempo em que reverencio a Virgem Mãe em estudos pessoais, orações e conhecimentos outros através da leitura do novo livro de Clarissa Pinkola Estés, um presente providencial no Brechó Menestrel: me deparei com esse relicário de La Virgen Chinquinquirá e seu rosário, clamando por mim. Era mesmo meu e nos resgatamos mutuamente. Padroeira na Colômbia, na Venezuela e na Espanha, em sua essência, traz mais um dos tantos nomes dados à mesma Senhora. E, mesmo sem precisar exatamente sua origem nesta peça, chegou às minhas mãos. Mais, tarde, Jonas Bloch comentou comigo que eu havia sido a última a entrar no Brechó, no início da tarde - pouco antes - e arrematar algo e, que já, desmontado, na saleta ao fundo da loja, o mercado de pulgas e variedades deu lugar à um antiquário de mobílias - aliás, igualmente lindo. La Virgen, fechava um ciclo ali, e aqui em BH, já integra meu altar. Amém, que ela siga sua peregrinação em bênçãos e graças. Nesta casa eu a acolho com o coração aberto.
(Márcia Francisco, 11/02/13)

**Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquirá é uma das invocações católicas para venerar a Virgem Maria. é a padroeira venerada em cidades da Colômbia, Venezuela, Peru e Espanha. 

 A história:
Chiquinquirá é uma pequena cidade situada às margens do rio Suárez, na Colômbia. É também conhecida como capital da província do ocidente e capital religiosa da nação. Seu nome, na língua dos índios chibcha, significa "povo sacerdotal".

No século XVI, os missionários dominicanos chegaram na Colômbia, portando a imagem de Nossa Senhora para converter os indígenas ao catolicismo. Um dos colonizadores era Dom Antonio de Santana um homem muito rico, designado como administrador das aldeias de Sutmarchán e Chiquinquirá. Devoto da Virgem do Rosário ele pediu ao padre dominicano, André Jadraque, que providenciasse uma imagem dessa invocação para colocar na capela erguida em Sutmarchán. A encomenda foi passada ao pintor Alonso de Narváez, radicado na região. Num tecido rústico de algodão fabricado pelos índios, o artista pintou a imagem de Maria do Rosário ladeada pelos Apóstolo Santo André e Santo Antonio de Pádua. A inclusão dos dois santos foi iniciativa de Alonso, pois sobrara espaço suficiente na tela para homenagear os padroeiros do padre e do administrador, seus clientes.

O quadro foi colocado no altar da capela de Sutmarchán durante a missa de inauguração da capela, em 1562 e ficou exposto para veneração popular durante doze anos. Depois, já quase apagado e corroído pela umidade, foi levado à casa da fazenda dos Santana em Chiquinquirá. Em 1577, Dom Antonio faleceu e a viúva Dona Joana, se retirou para aquela propriedade. Na arrumação da chegada, o quadro do Virgem do Rosário foi colocado num canto da capela e lá ficou esquecido.

Oito anos depois chegou na fazenda Maria Ramos, uma cunhada do falecido Dom Antonio, vinda da Espanha para ajudar nos trabalhos domésticos da casa. A piedosa mulher não se acostumava à nova residência e ao clima do país, por isso rezava muito à Virgem Maria. Certo dia resolveu organizar a capela e limpou o quadro da melhor maneira possível, mas não conseguiu saber de que devoção se tratava. Quando soube que era uma antiga pintura de Nossa Senhora do Rosário, pendurou o quadro num lugar de destaque da capela e passou a rezar diante dele. Algum tempo depois, Maria Ramos começou a suplicar à Virgem do Rosário que tivesse a felicidade de identificar o seu vulto naquele quadro, que mais parecia um borrão de tinta. E assim procedia diariamente durante a oração do Rosário.

Maria Ramos teve as preces atendidas no dia 26 de dezembro de 1586, quando ocorreu o milagre. Ela saia da capela quando uma índia cristã chamou sua atenção para a tela toda iluminada. Elas notaram que as cores do quadro ficaram mais fortes e a pintura voltou a ser nítida outra vez. As duas começaram a gritar felizes por Dona Joana. Então as três mulheres se ajoelharam diante da Virgem do Rosário e louvaram a Deus pela bondosa graça.

Naquele lugar, em 1608, foi construída uma igreja que se tornou Santuário e em 1812, foi consagrada Basílica dedicada a Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquirá. Quatro anos depois, na luta da independência da Colômbia, a Virgem recebeu a mais alta patente do Exercito. E com a vitória o próprio Simon Bolívar, o libertador, humildemente foi à Basílica agradecer e depositar sua espada aos pés da Mãe Santíssima. O Papa Pio VII declarou solenemente Padroeira da Colômbia, Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquirá, em 1829, para ser celebrada no dia 09 de julho. Mas o povo a homenageia também em 26 de dezembro, data do primeiro milagre do quadro. A coroação canônica ocorreu em 1919.

Em 18 de novembro de 1794, se repetiu o milagre da renovação da imagem dessa invocação, desta vez pintada em madeira, na cidade de Maracaibo, Venezuela. Uma igreja foi erguida no local do prodígio. A fama dos milagres se manteve vigorosa através dos tempos e os venezuelanos passaram a invocar "La Chinita", como amorosamente nomearam a Virgem do Rosário de Maracaibo. Assim, em 18 de novembro de 1942, a Igreja Católica coroou canonicamente a imagem da Padroeira de Maracaibo. Foi a primeira celebração oficial no seu dia. Além disso, a igreja onde se venera a imagem milagrosa venezuelana foi consagrada como: Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquirá de Maracaibo.
(fonte: Paulinas)
"Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquirá
A quem Deus quer fazer muito santo 
o torna muito devoto da Santíssima Virgem."
Santo Afonso


Hino Oficial da Coroaão de  Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquira
Letra: Graciela Rincón de Calcaño
Gloria a ti casta señora
de mi pueblo
que en la vida y en la muerte
ama y lucha, canta y ora
I
Autóctona Virgen
de rostro bronceado
mi lago encantado
te exorma los pies
con rizos y ondas
de armónico halago
y reina del lago
te digan doquier
II
Bruñeron tus sienes
con lirios plasmados
ígneas llamaradas
de eterno brillar
por eso mi tierra
que el trópico inflama
del sol te proclama
la reina inmortal
III
La entrada fecunda
del suelo nativo
por ti fluya un vivo
tesoro sin fin
rivera y llano
laguna y sierra
reina de mi tierra
te llamen a ti
IV
Y por que mi carta
florezca en virtudes
tus excelsitudes
proclame la grey
reina de mi tribu
llamándote en tanto
la dicha o el llanto
nos calmen. Amen

domingo, 10 de fevereiro de 2013

EGRÉGORA


"Egrégora provém do grego egrégoroi e designa a força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer finalidade, A egrégora acumula a energia de várias freqüências Assim, quanto mais poderoso for o indivíduo, mais força estará emprestando a egrégora para que ela incorpore às dos demais". Ou seja, egrégora é a somatória de energias mentais, criadas por grupos ou agrupamentos, que se concentram em virtude da força vibratória gerada ser harmônica."
(fonte: formação de egrégora-página facebook)

PENSE BEM ANTES DE CONECTAR PESSOAS OU À PESSOAS, ESCOLHA CONSCIENTEMENTE MISSÃO E OBJETIVOS, PARA QUE AS ENERGIAS SEJAM SEMPRE PARA O BEM, CRESCIMENTO PESSOAL E COLETIVO, PELA PAZ ; PARA QUE ENERGIAS MENTAIS NEGATIVAS NÃO SE PROPAGUEM E PARA QUE NÃO HAJA DESRESPEITO CONSIGO, COM A EGRÉGORA E COM OS SERES QUE COM ELA SE CONECTAM. ESCOLHA SEMPRE O AMOR: DIVINO, INCONDICIONAL, INCLUSIVO. QUE TUDO PODE, COMPREENDE, DISSOLVE, AGREGA, CONGREGA, HUMANIZA E ETERNIZA.
(Márcia Francisco


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

AMOR DE MÃE E FILHA



AMOR DE MÃE E FILHA GUARDA SEGREDOS,
FEITO RECEITA DE FAMÍLIA!
É DIÁRIO INFINITO,
DE ALEGRIA DO MAIS PURO SABOR!
(Márcia Francisco)

domingo, 3 de fevereiro de 2013

ALQUIMIAS DE MÃE

Ser mãe é um privilégio
Torna o ser alquímico
Numa magia sagrada
Que só o feminino entende

No correr da vida
A lida de todos
Dia de trabalho intenso
Sem pausa para o
Torcicolo no final da tarde

Um beijo, um aconchego
A toalha para o banho
Roupinhas limpas no varal
E já à mão
O avental de flor

E na cozinha tudo se transforma
Cenouras, batatas, repolhos, alhos e cebolas
Bem picados, formam o caldo da sopa quentinha
Feita com o mais puro amor

O amor vence o cansaço
A colher de pau
Mistura morangos na panela
Minutos depois, geléia pronta
para cobrir a sobremesa

Mãe põe a mesa
É hora do jantar

Na companhia da alegria
Momento bom de mãe e filha
Bem longe, muito longe
De qualquer lamento ou dor.
Só amor.

Depois de ver as estrelas
Mãos dadas para rezar.
E prontas para o próximo dia
Adormecer e sonhar.

(Márcia Francisco)

HISTÓRIAS DE LOBOS I


Um velho lobo, encantado com a jovem matriz fêmea de outra alcatéia, decide dançar para encantá-la. Fêmea que baila na confiança da sua maestria, cumpre sua parte na coreografia.
Vendo sua fêmea, um jovem macho à distância observa, permanece impassível e não faz nenhum movimento à não ser o do olhar que a acompanha bailar.
Em seguida, gerando a sensação de um lapso, a fêmea conclui sua dança e deixa o velho lobo a sonhar.
Dirigindo-se à sua fêmea, o jovem macho dá um passo e um olhar, levanta o braço e basta um gesto e uma corte: ela começa, com ele, a bailar. Atônito, o velho lobo gira em círculos e rodeios confusos e, pergunta à outra loba que tudo assistiu: - “você viu minha loba?” No silêncio que ela aprendeu a cultivar, responde: - “não”. E ele segue, cabisbaixo, em circunferências tontas, rumo à busca de sua verdadeira loba. Mas, no caminho pára e recolhe-se ao seu penar.
O jovem lobo demonstra sua força e excelência: demarcou o seu território. É dele, e sempre será, a loba que baila em espirais fêmeas e silenciosamente lúcidas de puro amor.
Dizem que lobos só tem instintos, mas, mas, afirmo, alguns exalam amor.
São lobo e loba e nada mais.
Um lobo que reconhece em si a própria força e grandeza nada teme, apenas realiza.
O jovem lobo cedo encontrou sua maestria.
O velho lobo também já aprendeu. Mas, é da característica do instinto, exercitar-se no cortejo e na caça, para renovar a própria vida.
As lobas aprendem mais cedo e livres, circulam, mas, sempre retomam seu lugar. Seja quando for o retorno, as mais velhas já sabem que os velhos lobos sempre voltam e, antes delas, a esperam para colo terno que só elas oferecerão. Já maduro, quase materno, não importa, necessário centro nutriz.
E assim será, será, será, na terra dos lobos e noutras mais.

(Márcia Francisco - copyright)